João Ferreira Rosa

Diálogos com
João Ferreira-Rosa
sobre a arte de continuar a ser Português


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Qual é o mal da República?

Antes de mais, o mal da República, desta “nossa” República Portuguesa ilegítima, é substituir o Rei, que o povo conhece familiarmente nas suas qualidades e nos seus defeitos, por ilustres desconhecidos, poderosas figuras da baixa política, que chegam à Presidência apoiados por interesses mesquinhos e que acabam por comportar-se como se fossem péssimos Reis de caricatura. É raro o bom Presidente da República, se é que existe. Na história de França, por exemplo, que Presidente poderia ser apontado como motivo de orgulho, de quem se pudesse dizer “é um homem fantástico”? O Chirac e os seus crimes e vigarices? O Mitterrand, essa figura sinistra cujos segredos obscuros só agora começamos a conhecer? O estupor do De Gaulle e o seu grito do “Quebec livre”, cujas consequências ainda hoje se sofrem? O Napoleão, o primeiro dos grandes criminosos da história recente da Europa? 

Tudo começou na Revolução Francesa?

Claro que sim. A Revolução Francesa é um horror só comparável, em crueldade, ao homicídio dos Czares e ao fim da Monarquia na Rússia, onde existia já uma democracia à inglesa, livre e com partidos. Na Revolução Francesa, arrasaram aldeias inteiras, só por não aderirem. Vinham generais a cavalo e diziam: “Matámos tudo, mulheres e crianças, não ficou ninguém para contar!”. É a coisa mais tenebrosa que se possa imaginar.

É sobre esse quadro que se faz a República? 

É disto que nasce a República, eivada de preconceitos e complexos. O complexo de fazer vénia ao Rei, o ódio mesquinho à figura do Rei e à sua importância real na Nação. A importância do Rei é natural, é recebida do pai e da mãe. Não lhe sobe à cabeça. Para um Rei, ser importante é tão natural como ter olhos azuis, ou verdes, ou pretos. Ele é preparado para isso. Quando não tem capacidade, é substituído por outro. São pessoas que são preparadas para servir. E fazem-no abdicando de todo o egoísmo, abdicando da sua própria liberdade. A pessoa menos livre do mundo é a Rainha de Inglaterra, que está há 50 anos a prestar aquele extraordinário serviço ao seu povo. Nem pode ficar doente na cama, com “baixa”!

Que responde a quem diz que é melhor eleger o Chefe do Estado?

Eleger o Chefe do Estado é dividir o povo. Nem há, verdadeiramente, uma escolha, porque é eleger um entre meia-dúzia de ambiciosos que nos põem à frente. Diz-se que “qualquer um pode ser Presidente da República”. Grande mentira! Primeiro, tem de ter o apoio das cliques partidárias; depois, tem de ter ou receber muito dinheiro para lá chegar, tem de ter o apoio dos bancos, das grandes empresas, e a cumplicidade da Imprensa, que também tem patrões interessados na eleição. E ganha aquele que tem mais dinheiro. Há gente honestíssima, que talvez pudesse fazer um trabalho sério como Presidente, mas essa gente não interessa à República, nem posses tem para tanto. 

Quem o ouvir pensará que é contra as eleições e a democracia…

Acho muito bem que haja eleições, nomeadamente para o Governo da Nação. Mas, para mim, onde elas são realmente importantes é nas Autarquias, nos Municípios, onde se pode votar em quem se conhece. Essa é a melhor tradição da Monarquia Portuguesa. O que a República quer é uma coisa completamente diferente: é eleições com listas partidárias, para os eleitos estarem lá apenas a dizer que sim. É repelente. A República engana o povo em tudo, até na apregoada pureza das eleições e na falsa “ética republicana”. Para além de que, no caso da escolha de um Presidente, de cinco em cinco anos, queimam-se muitos e muitos milhões de euros inutilmente.